VW Gol: Um carro que marcou minha história.

Meu pai gosta de gols. Os de futebol, de preferência  marcados pelo seu time do coração, o Santos; e os feitos pela Volkswagen. Após ter provado Fuscas e Passats, em 1986 ele comprou o primeiro Gol: BX, bege, 1.6, a álcool. O carro, embora quase novo, saiu mais caro do que um 0km, pois a demanda exorbitante por carros novos fazia com que a fila de espera fosse imensa, e também fazia a alegria dos vendedores de carros usados, que cobravam ágio pela entrega imediata.

Gol BX e meu pai. Ao lado, uma Honda CB 350.

Em 1987, meu pai e minha mãe se casaram. Precisavam de uma casa nova, só deles. Adeus ao BX bege, dado de entrada para a compra de um apartamento. No seu lugar, veio um Fusca Fafá 1300 1978 (modelo 1979) verde descascado.

Eu, lavando o carro, na casa do meu vô.

No ano seguinte, eu nasci. Precisávamos de um carro decente e seguro. Foi aí que chegou o Gol S 1986 prateado 1.6 refrigerado a água. Lembro dos passeios dominicais no Horto Florestal, aqui de Maringá, em que ficava lá no porta-malas, fazendo nada. O carro era lindo. Pintura metálica, faróis de milha, rodas de liga… mas ficamos pouco tempo com ele. Em 1989, chegou nosso Voyage  CL 1.6 1988 a álcool, refrigerado a água. Eu adorava o Voyage: preto no preto, rodas de Santana, interior caprichado… saudades!

Voyage, eu, na volta da praia. Vila Velha (PR) ao fundo.

Nosso terceiro Gol veio em setembro de 1995. Ah! Que orgulho! Lembro que estava na primeira série do ensino fundamental. Fim de tarde, eu esperando na portaria do Colégio, ansioso, e então, finalmente, chega um japonês magro de óculos, guiando suavemente um Gol Bola 1000i Plus 1995 verde oceano. A 2ª geração do modelo, lançada no fim de 1994, ainda respirava o ar de novidade. Fiz questão de sentar no banco dianteiro, e lembro que nem conseguia alcançar os pés no assoalho, tampouco enxergar algo à frente, pelo parabrisa.

Gol, meu irmão e meu avô paterno.

Esse Gol foi o que mais marcou nossas vidas, pois ficou conosco entre setembro de 1995 até dezembro de 2007! Rodamos 90 mil quilômetros, em viagens até o interior de São Paulo, visitar minha avó; até Campo Grande, casa dos meus padrinhos; até o litoral; enfrentou estradas de terra, em nossas pescarias de fim de semana; carregou tralhas e trambolhos…

Carregou minha mãe quando voltou da maternidade, com minha irmã caçula nos braços, em março de 1999. Ajudou na mudança para o meu atual prédio, no fim de 2001. Foi vítima de três tentativas de arrombamento, sendo uma delas, bem sucedida. Lá se foi o nosso CD-Player…

Foi também o carro com o qual aprendi a dirigir, aos 13 anos. Adorava ir ao sítio, só pra poder dirigir um pouquinho. E foi também o carro com o qual dei minha primeira mancada… numa estradinha vicinal, eu ao volante e meu pai do lado, chegamos numa subida íngreme.

“Olha, filho, quando você começar a subir, engata a 5ª e pisa bem fundo no acelerador. Quando o giro do motor cair demais, você reduz para a 4ª e assim por diante, senão o carro morre”.

“Ok. Entendi”.

Desci. Fiz a curva à esquerda. Comecei a subir. Engatei a 5ª e pisei fundo. O pequeno 1.0 de 52 cavalos pedia marcha. Reduzi para a 4ª.

“Agora a 3ª! Vai! A 3ª!” – meu pai, um tanto desesperado.

E eu, mais desesperado ainda, peguei no câmbio e engatei a… 1ª! O giro foi lá nas alturas e o carro morreu. Na subida.

Foi a primeira vez, em 8 anos, que usamos os serviços da seguradora, chamando um guincho…

Eu, meu irmão e o Gol do meu avô, em Santa Fé do Sul (SP).

Meu avô materno, já falecido, também tinha um Gol. Também era 1.0, só que do ano 1993, isto é, o quadradinho. Certa vez, acho que em 2004, fomos buscar iscas de pesca, num rio da região. Na volta, estrada vazia, meu vô ofereceu o volante.

“Mas, ditian, eu não tenho carteira… e se o guarda pegar?”

“Ah, não esquenta, não. Se o guarda parar a gente, a gente estaria ferrado do mesmo jeito, porque a minha tá vencida…”

Aceitei.

E o quarto Gol chegou em nossas vidas em 2008, e continua conosco até hoje. É um Gol Copa G4 1.0 2006 Totalflex, comprado de um tio meu. Nossa família cresceu, em volume. Cinco pessoas, num Gol, viajando pra cima e pra baixo. Um aperto só. E sem ar-condicionado. Compramos um bagageiro de teto, para aliviar os 285 litros do pequeno porta-malas.

De todos os carros que meu pai já teve, este Gol foi o que mais me desapontou. Bancos duros e desconfortáveis, falta de espaço, falta de equipamentos, acabamento sofrível, ruído interno elevado… se você acha que isso é frescura, então experimenta viajar 600 quilômetros sob o Sol do cerrado, até Campo Grande, num calor de fritar zoião. Você nem vai mais sentir a própria bunda. E suará que nem um porco.

O Gol é isso. Amor e ódio sobre quatro rodas. Valente, resistente, fiel, bruto. Ele fez parte da nossa história, e nos ajudou a enfrentar diversas situações. Embora não seja o melhor carro do mundo, é o nosso carro. E, por isso, ocupa um lugar especial nos nossos corações. E nos de milhões, Brasil afora.

Há grandes chances de o nosso próximo carro ser mais um Gol. Se for um G4, quero que o juiz dê impedimento. Se for um G5, aí, tudo bem.

Comments
9 Responses to “VW Gol: Um carro que marcou minha história.”
  1. Marcelo disse:

    Eder! Ótimo artigo! O Gol faz parte da sua vida. Até parece um membro da família. Parabéns pelo seu blog primo!!

    Marcelo

  2. Victor disse:

    Eder, muito legal o artigo! Leitura prazerosa.

  3. hebert disse:

    e esse carro e bom mais eles popdia inventar um melhor um mais doido tipo do roda civic mais esse carro e bom cada um tem seu gosto mais eu gosto de todos os carros

  4. Junior disse:

    ola, adorei sua historia, o gol, asim como na sua familia, sempre fes parte da minha, eu sou um golzero de plantao, sou apaixonado pelo carro, asim como meu avo era!, eu tenho um gol que era dele, erdei, nao vendo por nada desse mundo, acredito que um dia ele vai ser do meu filho!!! gol é uma paixao! abraços!

  5. joyce disse:

    gol é show…
    tenho um e não troco por outro.
    Entre os populares é o melhor.

  6. roney disse:

    Olá amigo, visite http://www.clubdogol.net, gostamos muito de sua história!

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